Prezados alunos, desejo uma ótima semana de estudos. Apresento alguns textos que tiraram a nota máxima no Enem, que podem te ajudar a entender o que deu certo e foi valorizado na hora da correção, te orientando sobre o que você pode aplicar em sua própria produção posteriormente. Vamos aos exemplos de redações nota 1000 dos últimos anos! Fique atento às partes destacadas no texto, em negrito, e procure identificar o que elas contêm de positivo para replicar em suas próprias produções – como apresentação de dados, aprofundamento da argumentação, dentre outros.
2015: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira
Autor: Amanda Carvalho Maia Castro
A violência contra a mulher no Brasil tem apresentado aumentos
significativos nas últimas décadas. De acordo com o Mapa
da Violência de 2012, o número de mortes por essa causa aumentou em 230% no
período de 1980 a 2010. Além da física, o balanço de 2014 relatou cerca de 48%
de outros tipos de violência contra a mulher, dentre esses a psicológica. Nesse âmbito, pode-se analisar que essa problemática persiste por
ter raízes históricas e ideológicas.
O Brasil ainda não conseguiu se desprender das amarras da
sociedade patriarcal. Isso se dá porque, ainda no século XXI, existe uma
espécie de determinismo biológico em relação às mulheres. Contrariando a célebre frase de Simone de Beauvoir “Não se nasce
mulher, torna-se mulher”, a cultura brasileira, em grande parte, prega que o
sexo feminino tem a função social de se submeter ao masculino,
independentemente de seu convívio social, capaz de construir um ser como mulher
livre. Dessa forma, os comportamentos violentos contra as mulheres
são naturalizados, pois estavam dentro da construção social advinda da ditadura
do patriarcado. Consequentemente, a punição para este tipo de agressão é
dificultada pelos traços culturais existentes, e, assim, a liberdade para o ato
é aumentada.
Além disso, já
há o estigma do machismo na sociedade brasileira. Isso ocorre porque a
ideologia da superioridade do gênero masculino em detrimento do feminino
reflete no cotidiano dos brasileiros. Nesse
viés, as mulheres são objetificadas e vistas apenas como fonte de
prazer para o homem, e são ensinadas desde cedo a se submeterem aos mesmos e a
serem recatadas. Dessa maneira, constrói-se uma cultura do medo, na qual o sexo feminino tem medo
de se expressar por estar sob a constante ameaça de sofrer violência física ou
psicológica de seu progenitor ou companheiro. Por conseguinte, o número de casos de
violência contra a mulher reportados às autoridades é baixíssimo, inclusive os
de reincidência.
Pode-se perceber, portanto, que as raízes históricas
e ideológicas brasileiras dificultam a erradicação da violência contra a mulher
no país. Para que essa erradicação seja possível, é necessário que as mídias
deixem de utilizar sua capacidade de propagação de informação para promover a
objetificação da mulher e passe a usá-la para difundir campanhas governamentais
para a denúncia de agressão contra o sexo feminino. Ademais, é preciso que o Poder Legislativo crie um projeto de lei
para aumentar a punição de agressores, para que seja possível
diminuir a reincidência. Quem sabe, assim, o fim da violência contra a mulher
deixe de ser uma utopia para o Brasil.
2016:
Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil
Autor: Larissa Cristine Ferreira
Título: Orgulho Machadiano
Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, diz
em suas “Memórias Póstumas” que não teve filhos e não transmitiu a nenhuma
criatura o legado da nossa miséria. Talvez hoje ele percebesse acertada sua
decisão: a postura de muitos brasileiros frente a intolerância religiosa é uma
das faces mais perversas de uma sociedade em desenvolvimento. Com isso, surge a problemática do preconceito religioso que
persiste intrinsecamente ligado à realidade do país, seja pela insuficiência de
leis, seja pela lenta mudança de mentalidade social.
É indubitável que a questão constitucional e sua aplicação estejam
entre as causas do problema. Conforme Aristóteles, a poética deve ser utilizada
de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De
maneira análoga, é possível perceber que, no Brasil, a perseguição religiosa
rompe essa harmonia; haja vista que, embora
esteja previsto na Constituição o princípio da isonomia, no qual todos devem
ser tratados igualmente, muitos cidadãos se utilizam da inferioridade religiosa
para externar ofensas e excluir socialmente pessoas de religiões
diferentes.
Segundo pesquisas, a religião afro-brasileira é a
principal vítima de discriminação, destacando-se o preconceito religioso como o
principal impulsionador do problema. De acordo com Durkheim, o fato social é a
maneira coletiva de agir e de pensar. Ao seguir essa linha de
pensamento, observa-se que a preparação do preconceito religioso se encaixa na
teoria do sociólogo, uma vez que se uma criança vive em uma família com esse
comportamento, tende a adotá-lo também por conta da vivência em grupo. Assim, a continuação do pensamento da inferioridade religiosa,
transmitido de geração a geração, funciona como base forte dessa forma de
preconceito, perpetuando o problema no Brasil.
Infere-se, portanto, que a intolerância religiosa é um mal para a
sociedade brasileira. Sendo assim, cabe ao Governo Federal construir delegacias
especializadas em crimes de ódio contra religião, a fim de atenuar a prática do
preconceito na sociedade, além de aumentar a pena para quem o praticar. Ainda cabe à escola criar palestras sobre as religiões e
suas histórias, visando a informar crianças e jovens sobre as diferenças
religiosas no país, diminuindo, assim, o preconceito religioso. Ademais, a sociedade deve se mobilizar em redes sociais, com
o intuito de conscientizar a população sobre os males da intolerância
religiosa. Assim, poder-se-á transformar o Brasil em um país desenvolvido
socialmente, e criar um legado de que Brás Cubas pudesse se orgulhar.
2017:
Os desafios da formação educacional de surdos no Brasil
Autor: Matheus Rosi
Segundo o pensamento de Claude Lévi-Strauss, a
interpretação adequada do coletivo ocorre por meio do entendimento das forças
que estruturam a sociedade, como os eventos históricos e as relações sociais. Esse panorama auxilia na análise da questão dos desafios
para a formação educacional dos surdos no Brasil, visto que a comunidade,
historicamente, marginaliza as minorias, o que promove a falta de apoio da
população e do Estado para com esse deficiente auditivo, dificultando a sua
participação plena no corpo social e no cenário educativo. Diante dessa
perspectiva, cabe avaliar os fatores que favorecem esse quadro, além de o papel
das escolas na inserção desse sujeito.
Em primeiro plano, evidencia-se que a coletividade
brasileira é estruturada por um modelo excludente imposto pelos grupos
dominantes, no qual o indivíduo que não atende aos requisitos estabelecidos,
branco e abastado, sofre uma periferização social. Assim, ao analisar a sociedade pela visão de Lévi-Strauss,
nota-se que tal deficiente não é valorizado de forma plena, pois as suas
necessidades escolares e a sua inclusão social são tidas como uma obrigação
pessoal, sendo que esses deveres, na realidade, são coletivos e estatais. Por
conseguinte, a formação educacional dos surdos é prejudicada pela negligência
social, de modo que as escolas e os profissionais não estão capacitados
adequadamente para oferecer o ensino em Libras e os demais auxílios
necessários, devido a sua exclusão, já que não se enquadra no modelo social
imposto.
Outro ponto relevante, nessa temática, é o conceito
de modernidade líquida de Zygmunt Bauman, que explica a queda das atitudes
éticas pela fluidez dos valores, a fim de atender aos interesses pessoais,
aumentando o individualismo. Desse modo, o sujeito, ao
estar imersos nesse panorama líquido, acaba por perpetuar a exclusão e a
dificuldade de inserção educacional dos surdos, por causa da redução do olhar
sobre o bem-estar dos menos favorecidos. Em vista disso, os desafios para a
formação escolar de tais deficientes auditivo estão presentes na estruturação
desigual e opressora da coletividade, bem como em seu viés individualista,
diminuindo as oportunidades sociais e educativas dessa minoria.
Logo, medidas públicas são necessárias para alterar esse cenário.
É fundamental, portanto, a criação de oficinas educativas, pelas prefeituras,
visando à elucidação das massas sobre a marginalização da educação dos surdos,
por meio de palestras de sociólogos que orientem a inserção social e escolar
desses sujeitos. Ademais, é vital a capacitação dos professores e dos
pedagogos, pelo Ministério da Educação, com o fito de instruir sobre as
necessidades de tal grupo, como o ensino em Libras, utilizando cursos e métodos
para acolher esses deficientes e incentivar a sua continuidade nas escolas, a
fim de elevar a visualização dos surdos como membros do corpo social. A partir dessas ações, espera-se promover uma melhora das
condições educacionais e sociais desse grupo.
2018:
Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet
Autor: Thais Saeger Ruschmann da Costa
É fato que a tecnologia revolucionou a vida em sociedade nas mais
variadas esferas, a exemplo da saúde, dos transportes e das relações
sociais. No que concerne ao uso da internet, a rede
potencializou o fenômeno da massificação do consumo, pois permitiu, por meio da
construção de um banco de dados, oferecer produtos de acordo com os interesses
dos usuários. Tal personalização se observa, também, na divulgação de
informações que, dessa forma, se tornam, muitas vezes, tendenciosas. Nesse
sentido, é necessário analisar tal quadro, intrinsecamente ligado a aspectos
educacionais e econômicos.
É importante ressaltar, em primeiro plano, de que forma o controle
de dados na internet permite a manipulação do comportamento dos usuários. Isso
ocorre, em grande parte, devido ao baixo senso crítico da população, fruto de
uma educação tecnicista, na qual não há estímulo ao questionamento. Sob esse
âmbito, a internet usufrui dessa vulnerabilidade e, por intermédio da uma
análise dos sites mais visitados por determinado indivíduo, consegue rastrear seus
gostos e propor notícias ligadas aos seus interesses, limitando, assim, o modo
de pensar dos cidadãos. Em meio a isso, uma analogia
com a educação libertadora proposta por Paulo Freire mostra-se possível, uma
vez que o pedagogo defendia um ensino capaz de estimular a reflexão e, dessa
forma, libertar o indivíduo da situação a qual encontra-se sujeitado – neste
caso, a manipulação.
Cabe mencionar, em segundo plano, quais os interesses atendidos
por tal controle de dados. Essa questão ocorre devido ao capitalismo, modelo
econômico vigente desde o fim da Guerra Fria, em 1991, o qual estimula o
consumo em massa. Nesse âmbito, a tecnologia, aliada aos interesses do capital,
também propõe aos usuários da rede produtos que eles acreditam ser
personalizados. Partindo desse pressuposto, esse cenário corrobora o termo “ilusão da contemporaneidade”
defendido pelo filósofo Sartre, já que os cidadãos acreditam estar escolhendo
uma mercadoria diferenciada mas, na verdade, trata-se de uma manipulação que
visa ampliar o consumo.
Infere-se, portanto, que o controle do comportamento dos usuários
possui íntima relação com aspectos educacionais e econômicos. Desse modo, é
imperiosa uma ação do MEC, que deve, por meio da oferta de debates e seminários
nas escolas, orientar os alunos a buscarem informações de fontes confiáveis
como artigos científicos ou por intermédio da checagem de dados, com o fito de
estimular o senso crítico dos estudantes e, dessa forma, evitar que sejam
manipulados. Visando ao mesmo objetivo, o MEC pode, ainda, oferecer uma
disciplina de educação tecnológica nas escolas, através de sua inclusão na Base
Comum Curricular, causando um importante impacto na construção da consciência
coletiva. Assim, observar-se-ia uma população mais crítica e menos iludida.
2019: Democratização do
acesso ao cinema no Brasil
Autor: Daniel Gomes
O filme ‘’Cine Hollywood’’ narra a chegada da primeira sala de
cinema na cidade de Crato, interior do Ceará. Na obra, os moradores do até
então vilarejo nordestino têm suas vidas modificadas pela modernidade que,
naquele contexto, se traduzia na exibição de obras cinematográficas. De maneira
análoga à história fictícia, a questão da democratização do acesso ao cinema,
no Brasil, ainda enfrenta problemas no que diz respeito à exclusão da parcela
socialmente vulnerável da sociedade. Assim, é lícito afirmar que a postura do
Estado em relação à cultura e a negligência de parte das empresas que trabalham
com a ‘’sétima arte’’ contribuem para a perpetuação desse cenário negativo.
Em primeiro plano, evidencia-se, por parte do Estado, a
ausência de políticas públicas suficientemente efetivas para democratizar o
acesso ao cinema no país. Essa lógica é comprovada pelo papel passivo que o
Ministério da Cultura exerce na administração do país. Instituído para se rum
órgão que promova a aproximação de brasileiros a bens culturais, tal ministério
ignora ações que poderiam, potencialmente, fomentar o contato de classes pouco
privilegiadas ao mundo dos filmes, como a distribuição de ingressos em instituições
públicas de ensino básico e passeios escolares a salas de cinema. Desse modo, o
Governo atua como agente perpetuador do processo de exclusão da população mais
pobre a esse tipo de entretenimento. Logo, é substancial a mudança desse
quadro.
Outrossim, é imperativo pontuar que a negligência de
empresas do setor – como produtoras, distribuidoras de filmes e cinemas –
também colabora para a dificuldade em democratizar o acesso ao cinema no
Brasil. Isso decorre, principalmente, da postura capitalista de grande parte do
empresariado desse segmento, que prioriza os ganhos financeiros em detrimento
do impacto cultural que o cinema pode exercer sobre uma comunidade. Nesse
sentido, há, de fato, uma visão elitista advinda dos donos de salas de exibição,
que muitas vezes precificam ingressos com valores acima do que classes
populares podem pagar. Consequentemente, a população de baixa renda fica
impedida de frequentar esses espaços.
É necessário, portanto, que medidas sejam tomadas para
facilitar o acesso democrático ao cinema no país. Posto isso, o Ministério da
Cultura deve, por meio de um amplo debate entre Estado, sociedade civil,
Agência Nacional de Cinema (ANCINE) e profissionais da área, lançar um Plano
Nacional de Democratização ao Cinema no Brasil, a fim de fazer com que o maior
número possível de brasileiros possa desfrutar do universo dos filmes. Tal
plano deverá focar, principalmente, em destinar certo percentual de ingressos
para pessoas de baixa renda e estudantes de escolas públicas. Ademais, o
Governo Federal deve também, mediante oferecimento de incentivos fiscais,
incentivar os cinemas a reduzirem o custo de seus ingressos. Dessa maneira, a
situação vivenciada em ‘’Cine Hollywood’’ poderá ser visualizada na realidade
de mais brasileiros.
Depois da leitura dessas cinco redações, produza uma com o
tema livre e envie para o meu e-mail.
ESSA REDAÇÃO
DEVERÁ SER ENVIADA ATÉ 5/10/2020 NO SEGUINTE E-MAIL: alexprofessor99@gmail.com
Vocês também podem obter mais
informações sobre o ENEM através do site:
https://blog.imaginie.com.br/exemplos-de-redacoes-nota-1000/
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