Grande Sertão: Veredas. (fragmento)
Quem é pobre, pouco se apega, é um
giro-o-giro no vago dos gerais, que nem os pássaros de rios e lagoas. O senhor
vê: o Zé-Zim, o melhor meeiro meu aqui, risonho e habilidoso. Pergunto:
̶ Zé-Zim, por que é que você não cria galinhas como todo o mundo
faz? ̶ Quero criar nada, não... ̶ me deu resposta:
̶ Eu gosto muito de mudar... [...] Belo um dia, ele tora. Ninguém
discrepa. Eu, tantas, mesmo digo. Eu dou proteção. [...] Essa não faltou também
à minha mãe, quando eu era menino, no sertãozinho de minha terra. [...] Gente
melhor do lugar eram todos dessa família Guedes, Jidião Guedes; quando saíram
de lá, nos trouxeram nos trouxeram junto, minha mãe e eu. Ficamos exigindo em
território baixio da Sirga, da outra banda, ali onde o de-Janeiro vai no São
Francisco, o senhor sabe.
ROSA, J. G.Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro:
José Olympio (fragmento)
Na passagem
citada, Riobaldo expõe uma situação decorrente de uma desigualdade social
típica das áreas rurais brasileiras marcadas pela concentração de terras
e pela relação de dependência entre agregados e fazendeiros. No texto,
destaca-se essa relação porque o personagem-narrador.
A) relata a seu interlocutor a história de Zé-Zim,
demonstrando sua pouca disposição em ajudar seus agregados, uma vez que superou
essa condição graças à sua força de trabalho.
B) descreve o processo de transformação de um meeiro —
espécie de agregado — em proprietário de terra.
C) denuncia a falta de compromisso e a desocupação dos
moradores, que pouco se envolvem no trabalho da terra.
D) mostra como a condição material da vida do sertanejo é
dificultada pela sua dupla condição de homem livre e, ao mesmo tempo,
dependente.
E) mantém o distanciamento narrativo condizente com sua
posição social, de proprietário de terras.
Obs. Primeiramente marque a data do exercício acima
no caderno e depois assinale a resposta correta para correção, quando as aulas
retornarem.
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