Não tem tradução
[...]
Lá no
morro, se eu fizer uma falseta
A
Risoleta desiste logo do francês e do inglês
A gíria
que o nosso morro
criou
Bem
cedo a cidade aceitou e usou
[...]
Essa
gente hoje em dia que tem mania de exibição
Não
entende que o samba não tem tradução no idioma francês
Tudo
aquilo que o malandro pronuncia
Com vos
macia é brasileiro, já passou de português
Amor lá
no morro é amor pra chuchu
As
rimas do samba não são I love you
Esse negócio
de alô, alô boy e alô Johnny
Só pode
ser de telefone
ROSA, N. In: SOBRAL, João J. V. A tradução
dos bambas. Revista Língua Portuguesa.
Ano 4, nº 54. São Paulo: Segmento, abr. 2010 (fragmento).
As canções de
Noel Rosa, compositor brasileiro de Vila Isabel, apesar de revelarem uma
aguçada preocupação do artista com seu tempo e com as mudanças
político-culturais no Brasil, no início dos anos 1920, ainda são modernas.
Nesse fragmento do samba Não tem tradução, por meio do recurso da
metalinguagem, o poeta propõe
A) incorporar novos costumes de origem francesa e
americana, juntamente com vocábulos estrangeiros.
B) respeitar e preservar o português padrão como forma de
fortalecimento do idioma do Brasil.
C) valorizar a fala popular brasileira como patrimônio
linguístico e forma legítima de identidade nacional.
D) mudar os valores sociais vigentes à época, com o advento do novo e quente ritmo da música popular brasileira.
D) mudar os valores sociais vigentes à época, com o advento do novo e quente ritmo da música popular brasileira.
E) ironizar a malandragem carioca, aculturada pela
invasão de valores étnicos de sociedades mais desenvolvidas.
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